Home office: os desafios a serem superados pelos líderes empresariais
Março 23, 2020
Readequações na postura como gestor, novas formas de avaliação do trabalho da equipe e conter a ansiedade de não poder acompanhar o trabalho in loco são algumas das novas realidades a serem enfrentadas pelos líderes
Se adaptar à rotina de home office pode ser tarefa difícil não só para os colaboradores. Para os líderes, na atual circunstância, por exemplo, é preciso também ter jogo de cintura e se adaptar a um novo formato de gestão com toda a pressão que esse momento de crise global carrega.
Reinaldo Paiva, psicólogo e professor do Programa de Desenvolvimento de Líderes (PDL) da Fundação Fritz Müller (FFM) destaca que este é um momento que exige mudança de postura por parte dos gestores. “O principal desafio por parte do líder é abrir mão da presença física para acompanhar o trabalho. Alguns gestores têm dificuldade em lidar com trabalho remoto ou home office porque nessa modalidade ele não está acompanhando presencialmente a realização das tarefas”, explica.
Alterar o modelo de atuação, passando da gestão por pessoas para um formato de gestão por entregas pode ser uma alternativa. Assim, a ordem é ter planejamento. “É importante que o gestor defina qual é o trabalho que o colaborador precisa fazer, estabeleça com ele um prazo aceitável para realização deste trabalho, combine um canal de comunicação para fazer o monitoramento, se coloque à disposição caso a pessoa tenha alguma dúvida e deixe a pessoa trabalhar, esperando que ela faça a entrega no prazo combinado”, orienta Reinaldo.
Para isso, estabelecer uma rotina de contato com os colaboradores é imprescindível. Dependendo do número de integrantes da equipe, o líder precisa realizar algumas reuniões individuais através de plataformas digitais (e-mail, whatsapp, Skype) para saber como está a realização do trabalho e acompanhar o planejamento. Pode ainda usar plataformas para reunir toda a equipe num mesmo horário e conduzir uma reunião online. O gestor precisa ter uma agenda de trabalho bem estruturada e bem compartilhada com a equipe e fazer cumprir essa agenda rigorosamente.
Dessa forma, é preciso desenvolver uma relação de maior confiança do gestor para com o colaborador. O professor lembra que hora trabalhada não é sinônimo de produtividade – e que o colaborador vai precisar também estabelecer uma rotina própria para cumprir o seu trabalho, que continua sendo avaliado. Como atitudes para monitorar o andamento das atividades, o gestor deve disparar durante o dia, ou durante a semana, e-mails ou status como lembretes do planejamento, mas com cuidado para não sobrecarregar o colaborador com muitas mensagens, perguntas ou cobranças.
Outro detalhe que deve ser considerado é o perfil de cada funcionário. Diferentes colaboradores requerem diferentes abordagens. Tem algumas pessoas que podem ficar mais sozinhas porque vão dar conta, mas tem outras que vão exigir um acompanhamento mais de perto por parte do líder. “É bacana fazer um bom planejamento e deixar claro para o colaborador o que é esperado dele para aquele trabalho, naquele prazo. Em home office, as pessoas trabalham mais do jeito que elas costumam ser longe do ambiente corporativo”, observa Reinaldo.
No entanto, é o gestor quem dá o tom do processo de trabalho. Por isso, os feedbacks remotos devem funcionar da mesma forma que o feedback pessoal. Na medida em que o colaborador entrega os trabalhos combinados e o gestor avalia a qualidade, o retorno para o trabalhador deve ser personalizado, dado individualmente, e não coletivamente.
“Em resumo, planejamento é imprescindível para o sucesso corporativo. O gestor terá que abrir mão um pouco do controle e ter mais confiança no time. Deverá investir mais em comunicação e monitoramento e as equipes vão ter que criar hábitos e usar as ferramentas combinadas. As pessoas vão ter que mudar o jeito de trabalhar e para garantir que o trabalho esteja realizado estando longe, é preciso demonstrar, apontar, comunicar. Tanto gestor como equipe vão precisar se comunicar um pouco mais, com mais qualidade, mas sem overdose”, finaliza o professor da FFM.
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Roberta Koki
Jornalista | Trevo Comunicação