Quem não reconhece que precisa do outro, dificilmente vai conseguir cultivar um ambiente de confiança

Quem não reconhece que precisa do outro, dificilmente vai conseguir cultivar um ambiente de confiança

Agosto 17, 2021 Não Por Redação

 

 

Zeca de Melo, professor da Fundação Dom Cabral, foi o convidado para a palestra que marcou o aniversário de 25 anos da Fundação Fritz Müller. Em tom de conversa, ele abordou as virtudes e vulnerabilidades do gestor e das corporações na atualidade

 

 

Foram uma hora e meia de exposição de um conteúdo que levou os participantes à reflexão pessoal e do seu papel dentro das corporações. Zeca de Melo, palestrante convidado para agenda que marcou os 25 anos da Fundação Fritz Müller nesta segunda-feira (16), foi seminarista por 18 anos – destes 12 como padre católico. Amante da filosofia e dos princípios da teologia, ele se interessou pelo estudo de gestão após deixar a batina. Hoje, professor de MBA da Fundação Dom Cabral, eleita uma das dez melhores escolas de negócios do mundo, usa sua experiência como líder religioso para refletir sobre os caminhos que a gestão contemporânea está seguindo.

Em Virtudes e Vulnerabilidades: reflexões sobre a evolução da Liderança, Zeca destacou as principais necessidades de desenvolvimento do gestor e da corporação. “As pressões, tensões e mudanças constantes geram medo, ansiedade, paralisias, perdas de sentidos. Tudo isso é vulnerável e estamos experimentando essas sensações potencializadas hoje pelo contexto que estamos vivendo. Por isso, precisamos rever posturas”, iniciou. Ele mencionou que, tradicionalmente, a imagem de uma liderança de sucesso é aquela que sabe das respostas certas, que não mostra suas fraquezas, muito ligada ao masculino, ao guerreiro, à agressividade.

“Mencionamos os colaboradores que se destacam como tratores. Para alcançar um objetivo dentro da corporação, falamos em bater as metas. Mas hoje não é o mais forte que vence. A capacidade de adaptação e cooperação ganha destaque. Quem não reconhece que precisa do outro dificilmente vai conseguir cultivar um ambiente de confiança. Essa é talvez, a principal virtude atual”, explanou.

A crise é a professora da humildade do líder

Zeca afirmou que a transformação das pessoas implica em lidar com a sua vulnerabilidade. Assim, é essencial exercitar o olhar crítico sobre o processo de aprendizagem que tivemos. “Nós fomos formados na lógica de que não poderíamos errar. Estudamos em escolas que priorizavam as respostas certas. O bom aluno era aquele que tinha a resposta. E levamos isso para a vida adulta: a boa liderança é aquela que tem a resposta certa. Precisamos quebrar esse paradigma”, ressaltou, destacando as virtudes que a liderança precisa praticar: humildade e coragem.

“Devemos também nos atentar ao ato de desaprender para reaprender. Nós nos perdemos na vida quando perdemos a capacidade de olhar o outro nos olhos. Ser humilde é ter coragem de enxergar sua própria verdade, como pessoa e como organização. E tem uma professora para isso: é a crise. Ninguém lidera nada se não tiver passado por algumas crises”, explicou.

Para o professor, a crise nos desloca da superfície para a profundidade e abre brechas para novas luzes: “A essência do desenvolvimento humano é cheia de frestas. Quando passamos por uma crise, somos obrigados a olhar nos olhos. É necessária muita coragem para dizer: eu não sei. Precisamos de lideranças que ofereçam ajuda, mas que, principalmente, peçam ajuda”, finalizou, com a mensagem de que vulnerabilidade pode ser uma força e que prioridade é reconhecer os limites e se colocar à escuta.

Sobre a FFM

A Fundação Fritz Müller é uma instituição de educação continuada e corporativa genuinamente catarinense. Com atuação próxima da prática do mundo empresarial, a FFM trabalha com pessoas e organizações na busca de soluções que resultem no desenvolvimento profissional e na evolução sustentável dos negócios e da sociedade.

Foto: Daniel Zimmermann
Em palestra online, Zeca de Melo interagiu com os participantes


Roberta Koki