Microfinanças facilitam acesso ao uso de energia solar

Microfinanças facilitam acesso ao uso de energia solar

Junho 13, 2022 Não Por Redação

 

 

Empreendedores e famílias cortam gastos e passam a ter mais conforto e segurança

 

A necessidade de fortalecer a matriz energética do Brasil vem provocando um momento de expansão no uso da energia solar no País. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) mostram que os 1.000 MW disponíveis em 2017 chegam hoje a 14 mil MW, representando R$ 21,7 bilhões em arrecadação de tributos, mais de 20,8 milhões de toneladas de CO₂ evitadas e 450 mil novos empregos no período. Com a redução no custo dos equipamentos, o acesso não é mais restrito às grandes empresas. Famílias e empreendedores passaram a usar as microfinanças como alternativa para também acessar essa fonte de energia renovável.

Fabrício Zanella é um exemplo. Ele gastava cerca de R$ 3 mil mensais com a energia elétrica necessária para a vinícola que mantém na cidade de Videira, no Vale do Rio do Peixe. Decidido a mudar isso, há oito meses procurou orientação e recursos no Banco da Família, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) catarinense que tem uma linha de financiamento específica ao setor, a solução. “Viabilizamos o apoio para o projeto, que foi 100% financiado por eles. A parcela hoje é em torno de R$2.500. Ou seja, na prática, o que eu gastava com energia, hoje pago o financiamento e ainda sobra”, comemora. Além da redução de gastos da empresa, ele projeta ampliar o número de postos de trabalho em 2023.

Com o sistema gerando mais do que a vinícola consome, Zanella planeja utilizar o excedente em uma futura ampliação da empresa, que atualmente produz 300 mil litros de vinho por safra. Ele e os quatro funcionários vendem o produto para os estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Rondônia e São Paulo. A expansão programada para 2023, calcula, deve gerar pelo menos mais dois postos de trabalho. “Para nós foi muito importante esse recurso. Estamos super contentes. Em quatro anos eu acredito estar com tudo pago. Depois vai ser só lucro, pois o que o sistema gerar, a gente deixa de pagar na conta de energia”, explica.

Presidente do Banco da Família, Isabel Baggio avalia que o acesso à energia elétrica é essencial para o bem-estar e a segurança, mas é algo que ainda pesa muito no bolso dos brasileiros. “Cada vez mais, empreendedores e famílias têm buscado na energia solar a solução para diminuir esse custo mensal. Foi pensando nisso que vimos a necessidade de ter uma linha de crédito voltada para resolver o impasse. Ao mesmo tempo, ganhamos mais uma excelente oportunidade para cumprir nossa função social de contribuir para o desenvolvimento da sociedade, com geração de empregos e renda e ainda melhorar a vida das pessoas”, comenta. Desde 2020, a instituição já concedeu R$ 3,5 milhões em financiamentos para energia Solar nos três estados do Sul. No primeiro trimestre de 2022 o valor chegou à R$ 432,5 mil.

Tecnologia mais barata

Para o coordenador do Grupo de Pesquisa Estratégica em Energia Solar da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), professor Ricardo Rüther, a história de Zanella é uma prova da importância em aumentar o uso da energia solar no Brasil. “É hoje a tecnologia mais barata para geração de energia e a disponibilidade é abundante em todo o território nacional”, avalia.

Autor do livro “Agregação da Energia Solar ao banho na moradia popular do Brasil”, ele assegura que a energia solar é a fonte energética mais democrática que existe, pois está disponível a todos, e é a que mais cresce nos últimos anos. Rüther destaca ainda que o custo é elevado como qualquer fonte de geração de energia e é preciso ter um capital inicial. “Mas ele se paga ao longo do tempo, resultando em um valor final da energia que é menor do que o custo de obter eletricidade com qualquer outra fonte ou tecnologia de geração. Hoje você pode contratar uma empresa para colocar um telhado solar fotovoltaico na sua casa e pagar com a economia na conta de luz, sem desembolsar nada”, conclui o professor.

Alessandro Bonassoli