Autismo: a importância da inclusão
Agosto 5, 2020
Acompanhamento multidisciplinar ajuda na inclusão dos autistas em suas atividades cotidianas
Com o avanço dos estudos sobre o Transtorno do Espectro Autista, cada vez mais muda-se a forma como se olha para esse transtorno. Muitos mitos de que o autista não consegue socializar, ou que não pode ter uma vida cotidiana como a das pessoas sem o espectro estão deixando de ser uma realidade. O SC Saúde destaca a importância do diagnóstico precoce para que o tratamento acompanhe o desenvolvimento infantil e continue na vida adulta.
Afinal, o que é Autismo?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), mais conhecido como autismo, é uma condição de saúde caracterizada por déficit em duas áreas importantes do desenvolvimento: comunicação social e comportamento. Não existe um único tipo de autismo, mas muitos subtipos, que se manifestam de uma maneira singular em cada pessoa. Tão abrangente, que se usa o termo “espectro” pelos vários níveis de comprometimento — há desde pessoas com outras doenças (comorbidades), como deficiência intelectual e epilepsia, até pessoas independentes, sem que haja grande alteração no seu dia a dia devido aos déficits. Algumas nem sabem que são autistas, pois nunca receberam diagnóstico. O desenvolvimento de habilidades comportamentais e sociais fazem parte do tratamento do autismo.
A psicóloga do SC Saúde Fabíola Guzzo explica que o tratamento do autismo (TEA) é realizado de acordo com cada quadro apresentado, é preciso uma análise minuciosa para o melhor acompanhamento. “Não há um método único para tratar as pessoas que possuem o transtorno, pois cada uma necessita de um acompanhamento específico. No entanto, é importante que o tratamento do autismo seja feito por meio de uma abordagem multidisciplinar, com auxílio de diferentes profissionais, como médicos, psicólogos, fonoaudiólogos e professores especializados. O objetivo do tratamento é desenvolver as habilidades comportamentais e sociais, para que suas dificuldades afetem cada vez menos sua vida. Normalmente, os autistas recebem atendimento por meio da psicologia comportamental e do reforço pedagógico”, declara Fabíola.
Salete Cristina dos Passos, é mãe do pequeno Yuri, de 8 anos. Ela relata o quanto a vida do menino vem mudando, desde que ele iniciou um acompanhamento multidisciplinar pelo SC Saúde. “O tratamento do meu filho realizado pelo plano tem ajudado muito. Antes, quando ele não fazia o tratamento, ele não falava dele, falava sempre na terceira pessoa. Depois que começou a ter um acompanhamento multidisciplinar, passou a se expressar mais oralmente, inclusive a falar mais sobre ele mesmo. O acompanhamento com a psicóloga está entre os momentos em que vejo que ele vem ganhando mais autonomia. Toda sexta-feira ele espera para conversar com a sua psicóloga, para falar sobre o que aconteceu durante a semana. Tem ajudado o Yuri a se relacionar melhor, tem sido ótimo para o meu filho”, relata a mãe.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em todo o mundo, uma em cada 160 crianças tem autismo. Porém, esse dado apresenta grande variação de um estudo para outro. Com base em estudos epidemiológicos realizados nos últimos 50 anos, a prevalência de TEA parece estar aumentando globalmente. Há muitas explicações possíveis para esse aumento aparente, incluindo aumento da conscientização sobre o tema, expansão dos critérios diagnósticos, melhores ferramentas de diagnóstico e o aprimoramento das informações reportadas. Ou seja, antes tinha-se, também, um problema de registro de casos de TEA.
Transtorno de espectro autista e a inclusão
Fabíola destaca que quanto mais os afetos próximos incluírem o autista nas atividades do dia a dia, mas acolhido ele se sentirá, o que acaba por trazer resultados positivos no seu tratamento. “Antigamente, o autista costumava ficar isolado, ser ‘o diferente’. Precisamos ter esse olhar singular para cada ser humano, cada um é diferente do outro, respeitar essas diferenças faz com que se pare de isolar alguém por conta de uma condição específica. Quanto mais as pessoas, principalmente os familiares e pessoas mais próximas, buscarem informação sobre o autismo, mais o autista estará incluso aos núcleos aos quais ele já faz parte”, explica a psicóloga.
Segundo a psicóloga, pode-se dizer que é mais fácil ser autista hoje do que há duas décadas atrás. Primeiro porque existe uma facilidade maior de identificação do transtorno por parte da medicina de família, existe um entendimento maior do transtorno. As próprias famílias têm muito mais informações disponíveis. “Outra questão é que, apesar de vivermos num mundo mais social, ao mesmo tempo somos um mundo mais digital, então a comunicação digital de uma certa maneira facilitou a vida dos autistas porque não exige uma interação social direta com outras pessoas. Falamos muito dos déficits relacionados ao transtorno do espectro, mas essas crianças, muitas vezes, apresentam capacidades muito especiais em termos de matemática, em termos de entendimento da física, além de memória bastante acentuada. Essas habilidades especiais podem, por exemplo, fazer com que essa pessoa, se destaque em sua carreira profissional, como em indústrias de computação, ou outros ramos em que essas habilidades são bem cotadas.”, completa a psicóloga Fabíola Guzzo.
Portanto, o diagnóstico correto e tratamento adequado pode fazer grande diferença na vida dessas pessoas. Quanto mais os familiares e a população em geral tiverem informações sobre o TEA, mais possibilidades de quem possui o transtorno ter uma vida funcional, com interação e realizando atividades escolares, profissionais, de lazer entre outras. É preciso entender as particularidades do autista e saber que cada ser humano é diferente um do outro, independente de apresentar ou não esse espectro.
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Amanda Nascimento