Cuidar da saúde é melhor do que tratar da doença
Novembro 23, 2021
Por Felipe Barbosa Amaral, cardiologista da Cardioprime, de Blumenau (SC)
O acesso que temos hoje a profissionais, tecnologia e tratamentos de saúde são incomparáveis aos que tinham nossos pais e avós. O reflexo mais óbvio disso está na expectativa de vida que aumenta de uma geração para a outra. O próximo passo diante é o que nos motiva: a prevenção. Como sociedade, temos a oportunidade de mudar o prisma sob o qual enxergamos a medicina.
Nas gerações passadas, a busca pelo atendimento médico – complicada por fatores logísticos, educacionais e sociais – acontecia fatalmente diante da dor. O sinal mais clássico de que algo não ia bem e a partir do qual se estabelecia uma relação de urgência e ansiedade no encontro com os profissionais de medicina, que muitas vezes eram apenas portadores de más notícias.
Com o passar dos anos e o refinamento das informações e estudos científicos, a dor passou a ser um dos sintomas. Ampliamos o repertório de sinais, mas não o nosso comportamento diante da saúde: na manifestação de alguma sensação não convencional, procura-se atendimento.
Caminhamos agora para um novo momento. No contexto contemporâneo da medicina, entendemos que saúde não é apenas a falta da doença, mas uma condição sob a qual temos a oportunidade de viver plenamente e com perspectiva de futuro. É aí que entra a prevenção, termo que deve substituir a dor e o sintoma como motivação para o acompanhamento clínico.
Na medicina preventiva, cuidamos da saúde ao invés de tratar a doença. Por meio do acompanhamento do paciente e do mapeamento dos riscos, estabelecemos estratégias conjuntas para ganho e manutenção da qualidade de vida das pessoas. Passamos a não depender dos sintomas – especialmente porque já se sabe que, para muitos diagnósticos, eles sequer acontecem – e passamos a contar com o conhecimento como ferramenta de sobrevivência.
Mais do que um conceito, a prevenção deve ser uma palavra de ordem para o comportamento da sociedade. Uma opção constante de quem percebe a importância da evolução no acesso a medicina e todas as oportunidades que ela gera. Especialmente a chance de experienciar a saúde como nenhuma geração antes pode.
Ter uma sociedade com mais qualidade de vida passa por evoluirmos a motivação da busca por tratamento da dor e do sintoma para a prevenção. É nisso que acreditamos. É nisso que estamos trabalhando.
* Felipe Barbosa Amaral é graduado em Medicina pela Universidade Regional de Blumenau (Furb), realizou residências em Clínica Médica pelo Hospital Santa Isabel e em Cardiologia pelo Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO). Tem especialização teórica e prática em Cardiologia Intervencionista pelo Hospital Encore, de Aparecida de Goiânia (GO).
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Marina Melz