DEBATE – Educação a Distância: vantagens e desafios
Novembro 12, 2024
Por Clarice Graupe Daronco / Jornal do Médio Vale (JMV)
A Educação a Distância (EaD) tem se consolidado como uma modalidade de ensino relevante e popular, impulsionada por avanços tecnológicos que tornam ambientes virtuais acessíveis a diversos perfis de alunos. Com flexibilidade de horários e superação de barreiras geográficas, a EaD amplia o acesso ao conhecimento, tanto para formação acadêmica quanto para aprimoramento profissional. No entanto, enfrenta desafios como a necessidade de infraestrutura adequada, a autonomia dos alunos e a qualidade da interação entre estudantes e professores.
O tema foi apresentado à redação do Jornal do Médio Vale (JMV) por alguns leitores, razão pela qual foi entrevistado o professor Juliano Bona. Ele é graduado em Matemática pela Universidade Regional de Blumenau (Furb) em 2005, mestre em Educação pela Furb (2010), doutor em Educação pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali) em 2020 e pós-doutor pela FURB (2023). Professor de Matemática e membro da equipe gestora da Rede Pública Municipal de Timbó-SC (Semed), Bona tem experiência no Ensino Superior em Educação Matemática e realiza pesquisas em áreas como Educação Matemática, Gestão Educacional, Internacionalização do Currículo (IoC), Estudos Interculturais, Intermatemática, Filosofia da Diferença, Financiamento Educacional baseado em indicadores e Políticas Educacionais. Ele buscou apresentar os benefícios e desafios da EaD, visando torná-la uma opção mais eficaz e inclusiva.
Segundo Bona, “a Educação a Distância ganhou força no Brasil a partir da década de 1990, quando as principais universidades públicas e privadas passaram a oferecer cursos nesta modalidade. Nas últimas décadas, o próprio conceito de EaD vem mudando: inicialmente, apenas algumas disciplinas eram oferecidas nesse formato; com o avanço da tecnologia, outras áreas do conhecimento passaram a ser disponibilizadas também. Hoje, com exceções, praticamente todos os cursos podem ser feitos a distância em diversas áreas e períodos, com flexibilidade de horário que se adapta ao tempo de cada estudante”.
ACESSO E INCLUSÃO
O professor destaca que “a introdução da Educação a Distância no Brasil nos remete, de alguma forma, a refletir sobre as diferenças sociais em nosso país e o impacto que essa modalidade provoca na vida de muitas pessoas. Talvez essa seja uma das grandes vantagens da EaD: há lugares no Brasil, por suas condições geográficas e pela distância de centros educacionais, onde a única opção para o desenvolvimento profissional é a educação a distância. O Brasil é muito diverso, e a EaD permite levar conhecimento e acesso à informação a regiões onde isso não seria possível de outra forma. Populações que vivem distantes de escolas e universidades tradicionais são beneficiadas pela acessibilidade que a EaD promove. Com um simples acesso à internet, esses estudantes podem acessar as plataformas, conversar com professores e desenvolver seus trabalhos acadêmicos”.
Para Bona, “isso não significa, é claro, que a EaD não tenha se expandido também nos grandes centros urbanos com boa infraestrutura social. No Vale do Itajaí, por exemplo, essa modalidade cresce fortemente em praticamente todas as áreas. Em nossa região e em outras com características sociais similares, a EaD muitas vezes é a escolha de estudantes que buscam uma segunda graduação, após terem concluído a primeira de forma presencial. Além disso, à opção por cursos a distância também pode ser uma alternativa conveniente para aqueles que buscam o primeiro curso superior, adequando-se à vida agitada que temos atualmente”.
NOVAS REALIDADES
O educador ressalta ainda que “de alguma forma, a expansão da EaD no Brasil ilumina as diferentes realidades sociais que vivemos e as necessidades que ela atende em função dessas desigualdades. As vantagens, especialmente em contextos sociais menos favorecidos, são evidentes. Todavia, após essa breve análise da EaD no Brasil, percebe-se que existem muitos desafios nessa modalidade, que demandam discussões e construção de alternativas. Sabemos que a formação acadêmica não se reduz à simples absorção de conhecimento: em praticamente todas as áreas, o convívio com colegas, professores, o acesso à biblioteca e as discussões presenciais permitem aprofundar conceitos e dar contornos práticos ao que é aprendido em sala. Sem mencionar o networking, que as atividades presenciais potencializam”.
Bona conclui que “a Educação a Distância é uma modalidade de ensino legítima no Brasil, mas os desafios são enormes e exigem a construção de alternativas. Como sugestão, e em última análise, você, leitor do Jornal do Médio Vale que chegou até aqui e está pensando em fazer um curso a distância, reflita sobre as vantagens e os desafios que essa escolha pode trazer à sua vida. Se o balanço for positivo e o grau de adaptabilidade for compatível com suas necessidades, vá em frente e tenha um ótimo curso!”