Dia Mundial do Meio Ambiente traz momento de reflexão urgente
Junho 5, 2024
Para especialista, é essencial a união de forças para enfrentar os desafios ambientais globais, seja por meio da cooperação internacional ou da adoção de políticas ambientais com mais rigor
Dados divulgados no último dia 28 de maio, no Relatório Anual do Desmatamento feito pelo MapBiomas, apontaram que o Cerrado brasileiro ultrapassou, pela primeira vez em cinco anos, a devastação na Amazônia: foram 1.110.326 hectares derrubados na savana brasileira, representando um aumento de 68%, enquanto o bioma amazônico perdeu 454.271 hectares em 2023, tendo queda de 62% em relação ao ano anterior. O estudo é uma iniciativa do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG/OC), produzido por uma rede colaborativa de ONGs, universidades e empresas de tecnologia, e organizados por biomas.
O resultado saiu próximo ao dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente. “Precisamos refletir urgentemente nossa relação com o meio ambiente. A pressão por terras para agricultura, pecuária e atividades madeireiras, juntamente com a exploração ilegal, além de queimadas e incêndios florestais associados ao desmatamento causam danos irreversíveis, como a emissão de gases de efeito estufa e perda de biodiversidade. Essas ações ameaçam não só a Amazônia, que detém a maior biodiversidade do mundo, mas também todos os outros biomas brasileiros”, pontua Leandro Ranucci, professor e coordenador da UniCesumar nos cursos EAD em Engenharia Ambiental e Sanitária, Ciências Biológicas e Gestão Ambiental.
Ainda de acordo com o relatório, o Brasil perdeu o equivalente a dois estados do Rio de Janeiro – cerca de 8.558.237 hectares – em vegetação nativa nos últimos cinco anos. “Essa situação, além de impactar diretamente as populações nativas, favorece mudanças climáticas, alterando os padrões de precipitação e eventos climáticos extremos. Esses impactos podem afetar diretamente a agricultura, os recursos hídricos, a biodiversidade e as comunidades costeiras, exigindo adaptação e mitigação dos impactos.” Mudanças nos padrões de temperatura e precipitação podem afetar ainda a distribuição de vetores de doenças, como mosquitos (que, por sua vez, aumentam a incidência de doenças relacionadas ao clima, como malária, dengue, zika e febre amarela), favorecendo o risco de surtos e epidemias.
Como se não bastasse, desastres naturais relacionados ao clima, como enchentes, secas, tempestades e incêndios florestais, causam danos significativos à economia. De acordo com dados do Banco Mundial, o Brasil tem enfrentado um aumento na frequência e na intensidade desses desastres, resultando em custos substanciais para a reconstrução de infraestruturas danificadas, perda de colheitas agrícolas e impactos na saúde e na segurança das comunidades afetadas. “Ainda não se sabe exatamente qual vai ser o custo da tragédia causada pelas chuvas que caíram no Rio Grande do Sul. Mas, para se ter uma ideia, as primeiras estimativas indicam um montante que pode chegar a R$ 120 bilhões só em 2024”, comenta Ranucci.
Todos esses agravantes, para ele, aumentam a necessidade de mudanças de paradigmas e a urgência de repensar o modelo de desenvolvimento urbano e social. “É preciso adotar práticas mais sustentáveis em todas as áreas, desde a agricultura e indústria, até o meio de transporte e consumo. Isso inclui investir em fontes de energias renováveis, conservação de recursos naturais e proteção da biodiversidade. Além disso, é essencial unir forças para enfrentar os desafios ambientais globais, como as mudanças climáticas, por meio da cooperação internacional e da adoção de políticas ambientais mais ambiciosas, que devem ser aplicadas com rigor”, conclui.
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Stefany Oliveira