Educação para o futuro – por Juliano Bona (Uma carta aos pais)
Março 30, 2022
Como deve ser a escola onde seus filhos ou filhas estudam? Como devem ser seus professores? Quais conhecimentos devem ser abordados? Você como pai, mãe, tem suas preferências, de modo consciente ou inconsciente já deve ter respondido estas perguntas, para si mesmo, ou verbalizado para alguém próximo. Nessa direção, poderíamos, a princípio, pensar que existem diferentes percepções do que serial uma boa escola. Cada família, dependendo de vários fatores, culturais, históricos, constroem um ideal de como a escola deve ser. A prescrição é a característica principal desse tipo de discurso. Todos e todas tem o seu próprio receituário de como uma escola ou espaço educacional deve funcionar para ser considerado de sucesso.
Isso, no mínimo, traz alguns problemas que doravante pontuaremos. Primeiramente, diante do grande número de famílias que frequenta e compõem a comunidade escolar, seria praticamente impossível para a escola e professores darem conta de tamanha diversidade. Imagine, se cada pai e mãe apresentassem uma lista das coisas que julga ser importante seu filho ou filha aprender no tempo que está na escola. Tenho certeza de que precisaríamos de várias pastas para guardar tamanho volume de informações. Diante da objetiva impossibilidade, o caminho é mudarmos a direção e desenvolvermos uma espécie de consciência que nos permite observar a educação de outro ângulo.
Consciência de grupo, cultura, saberes compartilhados, são os fundamentos que sustentam os espaços educacionais e o que se espera deles. Os diferentes receituários vistos de formam singular, se transformam em apenas uma lista de pretensões em nível cultural, e que expressam o que a comunidade espera das escolas. Então pai, mãe, quando arquitetar seu receituário, aquilo que sustenta sua argumentação sobre o que é melhor em termos pedagógicos para seu filho ou filha, pense na consciência de grupo, na cultura onde a escola está inserida e que lhe serve de guia, de alicerce que sustenta as práticas desenvolvidas nas escolas. Cultura científica, tecnológica, crítica social, políticas educacionais, desenvolvimento e ampliação da percepção de mundo, movimentos de pesquisa, esportes, são algumas das linhas que formam as matrizes de compreensão e que nos ajudam a responder nossa questão inicial: como deve ser a escola em nosso momento histórico? Resposta que exige consciência, não a individual e muitas vezes egoísta, mas sim a coletiva, aquela que eleva o pensamento de todos e todas na direção da construção de uma educação de qualidade, articulada as necessidades e problemas de nossa contemporaneidade.
Juliano Bona – Doutor em Educação pela Universidade do Vale do Itajaí – Univali (2020). Professor de matemática, atua na equipe gestora na Rede Pública Municipal de Timbó/SC – Semed. Tem experiência no Ensino Superior nas seguintes áreas: Educação, Educação Matemática, Cálculo Diferencial e Integral, Geometria e Álgebra Linear. Desenvolve pesquisa na área da Educação, Gestão Educacional, Educação Matemática, Processo de Internacionalização do Currículo (IoC), Estudos Interculturais, Intermatemática e Filosofia da Diferença.