Especialistas alertam sobre os perigos do uso de cigarros eletrônicos

Especialistas alertam sobre os perigos do uso de cigarros eletrônicos

Julho 15, 2022 Não Por Redação

 

 

Produtos não são legalizados no país e representam um grande risco à saúde pública

 

 

O famoso “vape”, como é conhecido popularmente o cigarro eletrônico, tem gerado preocupação da saúde pública, com o aumento do consumo por jovens e adolescentes. Entre os perigos que podem causar, um dos principais problemas constatados é a Lesão Pulmonar Associada a Produto de Vaping ou Cigarro Eletrônico, conhecida como Evali (E-cigarette or Vaping product use-Associated Lung Injury), além de aumentar os riscos para complicações relacionadas à Covid-19.

Os cigarros eletrônicos entraram no mercado americano em 2007 e são conhecidos por vários nomes diferentes, entre eles o vape, e-cigs e pendrive. Estes dispositivos são alimentados por bateria de lítio e contém um refil, que armazena um líquido composto por nicotina, solventes, água e várias outras substâncias, como flavorizantes. Esta bateria, ao aquecer o líquido dentro do dispositivo, gera aerossóis que, além da nicotina, contém outras substâncias que podem ser cancerígenas.

De acordo com pneumologista e professor da IDOMED, Daniel Messias Martins Alves Neiva, o objetivo principal do vape é gerar vaporização de nicotina, que é uma substância que age sobre o sistema nervoso central gerando dependência. Além da dependência química, a questão comportamental também é um agravante. “Os cigarros eletrônicos não exalam odores ruins e, por isso, são mais aceitos socialmente e utilizados de maneira descontrolada por adolescentes e adultos. Várias entidades médicas já caracterizam o uso como uma epidemia de saúde pública, devido ao seu abuso, aos efeitos ainda não totalmente elucidados e à pouca (ou nenhuma) regulação da sua comercialização”, alerta.

A produção, venda, importação e propaganda dos cigarros eletrônicos são proibidas no Brasil, mas a indústria vem utilizando a internet e as redes sociais para vender ilegalmente estes produtos no país. “Os Vapes estão sendo utilizados com maior frequência com a justificativa de que são socialmente aceitos. A infinidade de sabores, dos mais diversos tipos, dá ao jovem mais motivos para experimentar cada novidade lançada no mercado clandestino. O produto é amplamente divulgado pelos influencers das redes sociais, o que ajuda a validar seu uso pela população jovem, mesmo com tantas evidências dos riscos da sua utilização”, afirma Neiva.

Segundo o especialista, os efeitos a longo prazo não são ainda todos conhecidos. Os quadros agudos são representados por doenças agudas e crônicas como broncoespasmos, rinite alérgica, irritação na garganta, além de lesão pulmonar associada. O cigarro eletrônico também pode ser responsável por câncer, problemas cardiovasculares e piora na imunidade.

“Não há evidências suficientes que atestem a favor da segurança do uso dos cigarros eletrônicos para recreação ou da sua eficácia como método adjuvante na cessação do tabagismo. O que se sabe, com grau robusto de evidências, é que estes dispositivos são capazes de gerar doenças e efeitos adversos graves e que podem colocar a população em risco”, esclarece o pneumologista.

Cigarros eletrônicos e dependência

Assim como acontece com o cigarro comum, o uso do vape também tem relação direta com aspectos relacionados à dependência. Isso acontece devido à presença da nicotina, substância comum nos dois tipos de cigarros e que, comprovadamente, atua sob importantes áreas do cérebro, produzindo sensação de bem-estar e prazer.

De acordo com Igor Soares, professor do curso de psicologia da Estácio, a dependência provocada pelos cigarros no organismo humano envolve aspectos comportamentais e psicológicos. “No primeiro temos uma relação direta com fatores sociais, como a atual moda do vape entre os mais jovens, o que faz com o consumo seja associado a status de pertencimento. Já o segundo diz respeito ao efeito da nicotina no sistema nervoso central, que é de intensa, porém momentânea, sensação de prazer”.

O psicólogo destaca que o efeito de bem-estar sentido pelo fumante dura pouco tempo, o que faz com que ele logo tenha vontade de senti-la novamente. “Assim, a busca por tal sensação leva ao aumento no consumo de mais cigarros, fazendo com que seja preciso doses cada vez mais fortes para conseguir a mesma sensação de prazer”, conclui Igor Soares.

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Sobre o IDOMED 

O IDOMED é um grupo que reúne 17 escolas médicas e consolida a tradição de 25 anos de experiência nesse segmento. Está presente em todas as regiões do país, com aproximadamente 7,5 mil alunos e foco em excelência no ensino, aprendizado prático, tecnologia aplicada, desenvolvimento docente e conexão com a carreira médica. O grupo oferece programas de graduação, pós, especialização e cursos de atualização, e está entre os líderes na incorporação de tecnologia educacional voltada à formação em Medicina.


Márcia Oliveira – Jornalista