Isolamento social: como driblar a ansiedade em tempos de quarentena

Isolamento social: como driblar a ansiedade em tempos de quarentena

Março 25, 2020 Não Por Redação

O Covid-19 é uma ameaça não só à saúde física, mas também para a saúde mental

A Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgou recomendações para tentar amenizar a ansiedade e o estresse que o avanço da COVID 19 tem causado na população.

Entre as recomendações feitas pela OMS está o controle no consumo de informações. O ideal é evitar o exagero e, principalmente, não consumir notícias falsas, que possam causar ansiedade ou estresse. Em vez disso, a recomendação é procurar informação para medidas preventivas.

Outra dica para driblar a ansiedade – e em alguns casos a solidão de estar em quarentena – é apostar no bom uso das tecnologias. Usar a internet para se aproximar dos amigos ou familiares é uma das formas de distrair e manter o convívio social, mesmo que de forma virtual.

 Achar alternativas para cuidar do corpo é uma indicação para manter não só a mente, mas também o físico. Alongamento e meditação são ótimas pedidas para se manter equilibrado, afirma a OMS. Tudo isso sem descuidar da alimentação. Recomenda-se também a criação ou manutenção de suas rotinas. Ter horários para dormir, acordar se alimentar e incorporar no âmbito doméstico as atividades realizadas no trabalho, são algumas formas de passar por esse período sem grandes prejuízos psicológicos.

Nossas emoções frente à pandemia.

Professora de psicologia da Estácio São José,  Adriane Schein diz que é preciso distinguir o medo da angústia. “O medo é algo que nos leva a ter um certo cuidado frente a situações de perigo, o que permite que possamos controlar nosso impulso de sair às ruas neste período ou manter nossa rotina dentro das recomendações de higiene e isolamento. A angústia já apresenta outras características. Trata-se de algo interno, que acrescenta novas características ao medo”, explicou Adriane.

De acordo com Adriane, uma pessoa que recebeu a informação de uma epidemia, além de saber das consequências do adoecimento, passa a fantasiar, de acordo com imagens ou registros de sua memória pessoal, sobre a doença. “Este pode ser o desencadeador de preconceitos, sintomas e fantasmas que há muito estavam guardados em nossa mente, alguns desde a infância”, complementa a especialista.

Superar o medo frente a cuidados básicos é possível. Mas superar a angústia vai exigir maior cuidado e elaboração psíquica, diz Adriane. A professora explica ainda que tal situação nos mostra que não estamos com todo controle sobre nossas vidas como gostaríamos. Somos lembrados de nossa fragilidade humana, que pode ser fortemente ameaçada por um minúsculo vírus.

“Esse momento nos convida a aceitar nossas limitações, reconhecer nossa fragilidade e, mesmo assim, descobrir estratégias pessoais para preencher o tempo e o espaço doméstico a partir de todas as transformações pessoais e sociais que este momento está nos impondo”, disse.

A professora explica ainda que na atual crise, que nos colocou em quarentena, nem sempre contamos com a presença de um ouvinte atento que possa dar suporte às nossas reflexões e inquietações. Felizmente vários profissionais têm colocado seus serviços à disposição, pela internet, para que as pessoas encontrem acolhimento e um canal de comunicação, onde possam falar sobre o que se passa, sem risco de julgamento ou quebra de sigilo.

“Devemos ainda considerar todas as manifestações culturais e artísticas. Assistir um filme, ler um livro ou ouvir uma música, tudo pode contribuir para expressar os conflitos psíquicos, evitando por vezes, o adoecimento emocional”, finaliza

 


Márcia Oliveira – Jornalista