Mulheres avançam mas ainda são minoria no mercado de trabalho formal

Mulheres avançam mas ainda são minoria no mercado de trabalho formal

Março 8, 2024 Não Por Redação

 

 

Pesquisa “Mulheres no Mercado de Trabalho” mostra que apenas 39,1% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres

 

Embora a população brasileira seja composta por 52,8% de mulheres e 47,2% de homens, conforme o Censo Demográfico de 2022, ainda são eles que dominam o mercado de trabalho formal. Por exemplo, apenas 39,1% dos cargos de liderança no Brasil eram ocupados por mulheres em 2023, o que representa aumento de cerca de 9,5% em dez anos (eram 35,7%, em 2013).

Os dados são do estudo “Mulheres no Mercado de Trabalho”, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) a partir de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E a força de trabalho ainda é majoritariamente masculina (75,1%) na indústria (que responde por 21% do PIB brasileiro), contra apenas 24,9% de presença feminina. O levantamento também revelou que elas têm mais escolaridade (12 anos de estudo em média) do que os homens (10,7 anos), entretanto, o salário atinge apenas 78,7% do que é pago para eles.

Um dos motivos para isso parece ser o fato de as mulheres não se sentirem encorajadas a seguirem carreiras de exatas (engenharias, computação, contabilista, economia, estatística, etc.) ou simplesmente por falta de apoio dentro de casa, tendo de abrir mão do trabalho para atender a família.

“É preciso que a população fale mais sobre a presença da mulher no mercado de trabalho, que os homens participem mais das tarefas domésticas, dividindo esse peso que, habitualmente, recai sobre a mulher. Com apoio dentro de casa, elas se sentirão mais capazes de buscar carreiras em áreas como engenharia e tecnologia”, destaca a engenharia Daniela Silva, gerente de Pessoas da Quantum Engenharia, empresa brasileira de destaque no setor de Iluminação Pública, Subestações e Linhas de Transmissão e Energia Solar, áreas tipicamente masculinas.

Na Quantum, o quadro funcional já é composto por 23,7% de mulheres, inclusive há lideranças femininas, embora em menor número. Promover a paridade de gênero é um desafio global, e um trabalho constante para Daniela, com procura por profissionais mulheres inclusive via hunting – quando é feita uma pesquisa ativa em redes voltadas ao mercado de trabalho, como o LinkedIn, em busca de pessoas que possuam perfis aderentes às vagas.

A psicóloga Paula Medina é Head de Pessoas e Cultura no grupo brasileiro FiberX, um dos maiores integradores de tecnologia da América Latina. Lá, o percentual feminino já atinge 32,48% do quadro funcional, sendo mais do que o dobro da média nacional do setor de TI (12,3%). Ainda, 22,92% dos postos de gestão são ocupados por mulheres na FiberX, um percentual que tem aumentado também graças à parceria entre diretoria, gestores e área de pessoas.

“Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, as mulheres ocupam apenas 12,3% dos cargos em empresas de tecnologia. O que é uma pena, pois, muitas vezes, as mulheres nem se dão conta de que possuem as qualificações necessárias e deixam de se inscrever, porque sempre acham que não é o suficiente. Nesse aspecto, os homens são muito mais ousados e candidatam-se muito mais, mesmo que saibam que não possuem todas as qualificações pedidas nas vagas. O baixo percentual de mulheres em Tecnologia e até em cargos de gestão, tem o impacto de muitas outras variáveis, precisamos de ações em diversas frentes para conseguirmos melhor esse cenário”, alerta Paula.

Conscientização é ponto fundamental para mudar essa realidade

Um ponto fora da curva é a Únilos, que tem 68% do quadro composto por mulheres. Integrante do Sistema Ailos – que reúne mais de 1,5 milhão de cooperados nos três estados do Sul do Brasil – a Únilos é a primeira Cooperativa de Crédito do país a aderir oficialmente aos Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs – Women’s Empowerment Principles) da ONU Mulheres. Inclusive, 100% da diretoria da Cooperativa é formada por mulheres.

“Aqui na Cooperativa, prezamos pela conscientização de todos sobre a importância da equidade de gênero e a necessidade de difundir informações sobre seus benefícios. Promovemos a igualdade de oportunidades em todos os níveis, pensando na capacitação e desenvolvimento profissional que garantam que as mulheres tenham acesso às mesmas oportunidades de crescimento e aprendizado”, explica a diretora administrativa Silvania Junckes.

Conforme Silvana, esse trabalho contínuo de mudança da cultura organizacional também promove valores de igualdade e respeito, apoiando um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal para todos os membros, independentemente do gênero, com oportunidades iguais em todos os níveis, tendo em mente a capacitação e o desenvolvimento profissional que garantam que as mulheres tenham acesso às mesmas oportunidades de crescimento e aprendizado. “São essas ações combinadas que ajudaram a criar um ambiente mais inclusivo e equitativo na cooperativa Únilos, promovendo a participação ativa das mulheres e contribuindo para o sucesso geral”, finaliza Silvana.

Foto Pexels Pixabay


Dina Freitas – Estrutura de Comunicação