COLUNA: Nosso Vale, Nosso Futuro – O Impacto Devastador do Cigarro e das Bitucas no Meio Ambiente e na Saúde

COLUNA: Nosso Vale, Nosso Futuro – O Impacto Devastador do Cigarro e das Bitucas no Meio Ambiente e na Saúde

Outubro 16, 2024 Não Por Redação

 

 

O cigarro é um dos maiores inimigos da saúde pública e do meio ambiente, gerando consequências devastadoras para os seres humanos e a natureza. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo mata mais de 8 milhões de pessoas por ano em todo o mundo, sendo 7 milhões dessas mortes decorrentes do uso direto do tabaco. Além disso, o tabagismo consome mais de 600 milhões de árvores, 200.000 hectares de terra, 22 bilhões de toneladas de água e emite 84 milhões de toneladas de CO2.

No Brasil, estima-se que o tabagismo cause cerca de 145 mil mortes anuais, conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Em Santa Catarina, o panorama também é alarmante, com índices preocupantes de doenças relacionadas ao tabaco, como câncer de pulmão e doenças cardiovasculares. Na cidade de Timbó, conhecida por seu forte compromisso com a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável, os malefícios do cigarro se fazem presentes tanto na saúde da população quanto no meio ambiente.

Bitucas de Cigarro: Pequenos Resíduos, Grandes Prejuízos

Além dos danos à saúde, o cigarro é um dos maiores poluentes do planeta. Segundo o relatório da OMS “Tabaco: envenenando nosso planeta”, cerca de 4,5 trilhões de bitucas de cigarro são descartadas inadequadamente a cada ano, tornando-se os resíduos mais encontrados em limpezas de praias e cidades.

No Brasil, as bitucas representam cerca de 40% de todo o lixo coletado em mutirões de limpeza de praias, conforme o Projeto Lixo Fora D’Água. Em Santa Catarina, com uma costa de mais de 500 km de extensão e rica biodiversidade, esses pequenos resíduos poluem não só praias, mas também áreas urbanas e parques.

Conforme observado em mutirões de limpeza realizados em Timbó, uma cidade que valoriza sua beleza natural, foi constatado que a cidade também enfrenta os desafios do descarte inadequado de bitucas, que podem levar até 10 anos para se decompor, liberando toxinas como nicotina e metais pesados que contaminam o solo e a água.

Os danos ambientais causados pelas bitucas, que, além de serem difíceis de decompor, podem prejudicar gravemente os ecossistemas. Animais marinhos e terrestres podem ingerir essas bitucas, levando a problemas de saúde ou até à morte. Um estudo publicado na revista Environmental Toxicology and Chemistry mostra que uma única bituca pode comprometer significativamente a qualidade de quase 70 litros de água do mar.

O Custo do Cigarro para a Saúde e o Ambiente

Segundo dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), cerca de 9,3% da população brasileira acima de 18 anos é fumante, sendo 10,2% entre homens e 7,2% entre mulheres.

O tabagismo não só representa um custo imenso para a saúde — o tratamento de doenças e incapacitações relacionadas ao cigarro custa ao sistema de saúde brasileiro aproximadamente R$ 153,5 bilhões por ano, segundo o INCA — mas também provoca um impacto financeiro e ambiental substancial. Cada bituca descartada no chão representa um risco ecológico, uma ameaça ao futuro das próximas gerações.

A Importância da Educação Ambiental

Os resíduos de cigarro são uma preocupação crescente devido ao seu efeito persistente no solo e na água. É fundamental que a população se conscientize dos danos que as bitucas causam no meio ambiente, poluindo nossos rios e parques e colocando a fauna em risco. Como parte dos esforços de preservação, Timbó vem buscando se alinhar com iniciativas como o Lixo Zero e o Movimento ODS/SC, do qual o SAMAE, o Simplifica e a Câmara Municipal já são signatários, promovendo soluções sustentáveis para a gestão de resíduos.

A conscientização e o descarte correto são fundamentais. Cada bituca jogada no chão é um passo a mais na direção errada. Precisamos adotar práticas de Lixo Zero e conscientizar a população sobre a importância da coleta seletiva. Esse movimento visa reduzir ao máximo a geração de resíduos, promovendo ações de conscientização e educação ambiental.

Além disso, Timbó conta com o apoio de grupos importantes que atuam na área de educação ambiental: o Grupo Intersetorial de Educação Ambiental de Timbó (GIEA), o Grupo de Trabalho de Educação Ambiental da Região Hidrográfica 07 (GTEA RH7), que atende o Vale do Itajaí, e a Associação Catarinense de Preservação da Natureza (ACAPRENA).

Essas iniciativas têm desempenhado um papel crucial na conscientização da população sobre a preservação do meio ambiente, incluindo o combate ao descarte inadequado de bitucas de cigarro. Estes grupos organizam palestras, eventos e campanhas educativas, além de contribuir com políticas públicas, unindo esforços para promover cidades mais limpas e sustentáveis.

Projetos como o Poiato Recicla

No Brasil, o projeto Poiato Recicla tem se destacado como um dos primeiros a tratar do descarte e reciclagem de bitucas de cigarro. O programa desenvolveu uma tecnologia capaz de reciclar esses resíduos e transformá-los em papel. Com a instalação de coletores específicos em várias cidades, o projeto busca conscientizar os fumantes e reduzir o impacto ambiental gerado por esses resíduos tóxicos.

Iniciativas em Timbó

O Parlamento Jovem de Timbó tem sido um grande aliado na luta contra o descarte inadequado de bitucas. Recentemente, após uma ação de limpeza realizada no Dia Mundial da Limpeza, os jovens parlamentares apresentaram uma indicação que propôs a implementação de campanhas educativas focadas na prevenção do tabagismo e na conscientização sobre o descarte adequado de bitucas de cigarro.

Programas de Apoio para Parar de Fumar

Parar de fumar é um passo fundamental para proteger a própria saúde e preservar o meio ambiente. Existem diversas formas de apoio para aqueles que desejam abandonar o vício do cigarro. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece programas de cessação do tabagismo, que incluem apoio psicológico, tratamento medicamentoso e grupos de apoio. Em Timbó, postos de saúde também oferecem suporte para fumantes que querem parar, proporcionando acesso a serviços especializados.

Além disso, organizações como o Instituto Nacional de Câncer (INCA) disponibilizam materiais informativos e ferramentas para ajudar fumantes a superarem a dependência. O programa Disque Saúde (136) é outra forma de obter informações e orientações para parar de fumar.

Um Convite à Reflexão

A situação é clara: o cigarro é um problema que vai além do vício e das doenças que ele causa. As bitucas descartadas no chão se acumulam nas ruas, nos rios e nos mares, prejudicando o ambiente e contaminando ecossistemas que deveriam ser protegidos.

Timbó, com suas ações de conscientização voltadas à preservação ambiental, dá um exemplo positivo de como cidades podem combater esse problema, mas ainda há muito a se fazer. A instalação de coletores de bitucas e as campanhas educativas são passos importantes para que a população se conscientize da necessidade de descartar corretamente esses resíduos.

Para além das leis e campanhas, cabe a cada cidadão refletir sobre os danos do cigarro e o impacto que ele gera não só na saúde, mas também no planeta. Abandonar o cigarro é um ato que beneficia a si mesmo e ao meio ambiente, ajudando a construir um futuro mais saudável, limpo e sustentável para todos.

 

Por Maike Letícia Link Bianchini
Gestora e Educadora Ambiental

Sobre a Autora

Profissional de Timbó, dedicada e apaixonada pela transformação da relação entre o ser humano e o meio ambiente.

Maike Letícia Link Bianchini é Gestora Ambiental (CREA/SC 177669-8), com pós-graduação em Gestão e Educação Ambiental, além de MBAs em Gestão e Políticas Públicas Municipais e em Gestão de Projetos. Atualmente, está cursando Engenharia Ambiental e Sanitária e Ciências Biológicas. Maike também é Consultora Lixo Zero, credenciada pelo Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB).

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