Vinhos de Altitude de Santa Catarina conquistam Indicação Geográfica
Junho 30, 2021
Registro valoriza o produto, o território e os vitivinicultores
Os Vinhos de Altitude de Santa Catarina conquistaram o selo de Indicação Geográfica (IG), concedido nesta terça-feira, 29 de junho, pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A qualidade dos vinhos finos produzidos na região é reconhecida devido às características de solo, altitude, clima, variedades de uvas e por técnicas de cultivo.
A conquista de Indicação Geográfica destaca que os Vinhos de Altitude produzidos na região são diferenciados dos outros produzidos no país, valorizando sua história e características únicas. Por meio do selo, os Vinhos de Altitude têm mais potencial de agregar valor econômico e conquistarem novos mercados. O registro da IG é dado aos produtos que apresentam uma qualidade única e características do seu local de origem. É o caso, por exemplo do “Vinho do Porto”, de Portugal e da “Champagne”, da região de Champagne, na França.
“A indicação geográfica é um processo belíssimo, que reúne várias contribuições. É um reconhecimento nacional e internacional, de que aquele produto é único e possui características únicas. Ficamos contentes quando um produto é reconhecido e os produtores podem se apropriar daquilo que sempre foi deles, apresentando Santa Catarina como referência de excelência em sua produção”, afirma Mara Rúbia Romeu Pinto Muller, da Secretaria Estadual de Agricultura da Pesca e do Desenvolvimento Rural.
Além da conquista de Indicação Geográfica para os Vinhos de Altitude, o estado está representado por Indicações Geográficas de produtos como os Vinhos e Espumantes de Uva Goethe, dos Vales da Uva Goethe, a Banana da Região de Corupá e o Queijo Artesanal Serrano, no Campos de Cima da Serra.
“Pensando em valorizar a gastronomia e a agricultura familiar catarinense, o Sebrae/SC, com outros parceiros, desenvolve ações que buscam valorizar produtos e serviços típicos e tradicionais das diferentes regiões do estado. Essa é a quarta Indicação Geográfica registrada em Santa Catarina, e conquistas como essa nos deixam muito orgulhosos, provando o valor que esse reconhecimento nacional e internacional tem para o desenvolvimento da economia local e para a sustentabilidade dos pequenos negócios. Com essa certificação, o produto deve ganhar ainda mais valor de mercado, promovendo a cadeia produtiva da região e estimulando o turismo e o desenvolvimento territorial”, afirma o diretor técnico no Sebrae/SC, Luc Pinheiro.
O presidente da Vinhos de Altitude – Produtores e Associados, Humberto Conti, afirma que a conquista para o selo foi possível graças a um esforço conjunto. “Foi um trabalho muito interessante, e que só vem para valorizar os produtos catarinenses, realizado em conjunto com vários parceiros e coordenado pelo Sebrae/SC com muita competência. É um reconhecimento de que produzimos um produto especial e de qualidade. Essa é uma grande conquista para Santa Catarina, diferenciando e mostrando o valor de nossos produtos”, ressalta.
Os produtos reconhecidos são os vinhos finos, vinhos nobres, vinhos licorosos, espumante natural e vinho moscatel, e o brandy de Santa Catarina. São mais de 300 hectares de área cultivada, e mais de 1 milhão de garrafas produzidas anualmente.
Motivados por tradições familiares e paixões pessoais, há três décadas, empreendedores iniciaram a implantação da cadeia produtiva dos vinhos de altitude em Santa Catarina. O resultado desta iniciativa vem produzindo vinhos com intensa coloração, definição aromática e equilíbrio gustativo, características reconhecidas pelo mercado consumidor. O Vale do Contestado e a Serra são as duas grandes regiões produtoras.
O selo do INPI reconhece os Vinhos de Altitude produzidos em área delimitada, que engloba municípios como Rancho Queimado, Anitápolis, Alfredo Wagner, Bom Retiro, Urubici, Bom Jardim da Serra, São Joaquim, Urupema, Painel, Lages, Capão Alto, Campo Belo do Sul, São José do Cerrito, Vargem, Brunópolis, Campos Novos, Curitibanos, Frei Rogério, Monte Carlo, Tangará, Fraiburgo, Pinheiro Preto, Videira, Rio das Antas, Iomerê, Arroio Trinta, Santo Veloso, Treze Tílias, Macieira, Caçador, Vargem Bonita e Água Doce. São mais de 22 vinícolas associadas, e mais de 80 viticultores, que produzem os vinhos de uvas viníferas, que fazem parte do território delimitado.
“Essa conquista representa um avanço muito significativo, na medida em que teremos um selo que garante o padrão de qualidade do produto, e que também possibilita um grande avanço na gestão e estabelece um padrão da viticultura do território de Santa Catarina. A Indicação Geográfica também representa a organização de vinhateiros do território que se empenham a explorar o alto padrão dos vinhos produzidos na região”, afirma José Fernando da Silva Protas, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, uma das parceiras no processo que resultou nessa conquista.
A pesquisadora e engenheira agrônoma da Epagri, Cristina Pandolfo, reforça a importância da iniciativa. “Esse trabalho foi muito importante, envolvendo a cooperação de várias instituições, e demonstrando a competência da equipe da Epagri no desenvolvimento do trabalho de Indicação Geográfica. Foi um trabalho muito especial, que reuniu uma grande quantidade de informações, que também poderão ser utilizadas para outros tipos de estudos, demonstrando a riqueza das pesquisas e estudos realizados”, comenta.
O reconhecimento
Esse reconhecimento começou há cerca de oito anos, quando o Sebrae/SC, em parceria com a AMURES, UFSC, Epagri, Embrapa, Secretaria Estadual de Agricultura da Pesca e do Desenvolvimento Rural e a Vinhos de Altitude – Produtores e Associados iniciaram o processo para conquista do selo de Indicação Geográfica para o produto. Foram desenvolvidas pesquisas por diferentes instituições que comprovaram o potencial das regiões de altitude de Santa Catarina para a produção de vinhos finos, agora comprovados pelo INPI.
Atualmente, o Sebrae/SC e outros parceiros lideram o processo de conquista da IG para as Ostras de Floripa, o Camarão de Laguna, Cachaça e Banana de Luiz Alves, Linguiça Blumenau, Maçã Fuji da Região de São Joaquim e Mel de Melato de Bracatinga do Planalto Sul Brasileiro.
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Karla Quint